Projeto Agronordeste Parnaíba muda realidade de produtores de leite na região

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Atividade na Fazenda Mercedinha, uma das atendidas pelo projeto Agronordeste Parnaíba

Por Izabela Carvalho

O Sebrae transforma a vida dos pequenos empresários não só nas cidades. No campo, o projeto Agronordeste Parnaíba comemora o sucesso das ações realizadas em São José do Divino, a 141 Km de Parnaíba, região Norte do estado do Piauí. Esse sucesso já reflete nos números da pecuária leiteira local, que movimenta mensalmente quase R$ 2 milhões, com um salto na produção diária de 14 mil para 32 mil litros. O case chama a atenção do Polo Sebrae Agro, que tem o propósito de fortalecer o agronegócio no território nacional.

O coordenador do Polo Sebrae Agro, Douglas Paranahyba, observa que “não é por acaso que hoje o Sebrae tem na Região Nordeste um trabalho focado no desenvolvimento de um sistema digital de gestão que pode auxiliar todo o Sistema no atendimento aos produtores rurais em seus estados”, aponta.

“A partir do case do Agronordeste, com base nas características, o Polo pretende desenvolver uma ferramenta digital ou verificar essa viabilidade para disponibilizar para todos os demais estados brasileiros”, sinaliza Douglas.

Contudo, ele reconhece que existem desafios a serem superados devido à heterogeneidade da atividade agropecuária. “Em cada estado é diferente, temos gestores diferentes e instituições parceiras diferentes. Só que o processo de aperfeiçoamento da atuação junto ao produtor rural passa por um maior nível de organização e articulação com as instituições”, diz.

Por fim, o coordenador salientou que não tem dúvidas de que o Agronordeste é uma boa prática promissora. “Por meio dele devemos atuar para vencer todos esses desafios e entregar as melhores soluções para os clientes do Sebrae em todo o território nacional a partir de bons resultados apresentados”, conclui.

O gestor do Agronordeste Parnaíba, Ricardo Leão de Brito Costa, explica que a região passou por uma transformação significativa na sua produção de leite, com a implementação de soluções tecnológicas e de gestão nas fazendas locais. O projeto já vai para o terceiro ano.

“O sucesso foi tão grande que inspirou outros produtores da região a aderir às novas práticas, criando um ciclo de crescimento e inovação para a agricultura local”, comemora Ricardo. “Começamos com cerca de 30 produtores. Hoje, já estamos próximos de dobrar esse número, e a expectativa é alcançar ainda mais a partir de 2025”, afirma.

A gerente da Unidade Regional do Sebrae em Parnaíba, Isabela Ribeiro, destaca a importância do atendimento aos produtores da pecuária leiteira, que promove ações significativas para o setor.

Isabela explica que o atendimento se concentra na redução de custos, otimização da gestão, diminuição de desperdícios e melhoria do manejo e da sanidade. “Isso tornou possível a produção de um leite de melhor qualidade, com menor custo e trazendo uma qualidade de vida melhor para o produtor e para toda a família”, comenta.

A gerente assinala que os resultados da pecuária leiteira na região superam até mesmo o fundo de participação municipal. “É lindo de se ver, nos enche de orgulho porque mostra que, com união, controle, organização das atividades, redução de custos na produção de leite e boas práticas, todos ganham”, pontua.

Isabela afirma ainda que, embora seja mais difícil aumentar o valor pago pelos laticínios ao produtor, reduzir custos e melhorar a qualidade do leite é viável. “E foi exatamente isso que observamos em São José do Divino”, reitera.

Ricardo pontua que antes da Consultoria Sebraetec realizada, a atividade leiteira na região enfrentava sérios desafios, como baixo uso de tecnologias adequadas, rebanhos desestruturados e práticas de manejo inadequadas.

No entanto, com a introdução das melhorias técnicas e a colaboração de diversos parceiros, a cidade conseguiu otimizar sua produção e melhorar as condições de vida dos produtores. “Nós implementamos várias soluções”, explica o gestor.

Ricardo enumerou as etapas do projeto em que, primeiramente, é feito o diagnóstico das demandas da fazenda, com um levantamento detalhado das necessidades de cada propriedade, focando em aspectos econômicos e zootécnicos.

Em seguida é realizada a entrega de materiais técnicos, com fornecimento de ferramentas para o registro de dados importantes, como as informações econômicas e zootécnicas, fundamentais para o controle da produção.

“É realizada a implementação de planilhas de controle e de ferramentas para o monitoramento e análise contínua dos processos nas fazendas, possibilitando ajustes rápidos e eficazes”, esclarece.

Outro ponto importante apontado pelo técnico foi a realização do balanceamento de dietas nas vacas em lactação. “Isso otimiza a alimentação do rebanho, que é essencial para aumentar a produção de leite e melhorar a saúde das vacas”, assinala.

Dia de campo na Fazenda Mercedinha, uma das atendidas pelo Sebrae Piauí

A análise do solo também é uma etapa importante do projeto, em que são coletadas amostras para análise de solo, para garantir o uso adequado dos insumos e a produção eficiente de forragens. Além disso, houve a implantação do pastejo rotacionado. “O sistema ajudou a melhorar a qualidade das pastagens e a produtividade do rebanho, ao mesmo tempo em que reduziu custos com a alimentação”, explica.

“A implantação de manejo de higiene e normas rigorosas para a ordenha também foi importantíssimo para garantir a qualidade do leite”, explica o gestor.

Além disso, os produtores receberam orientação sobre sistema de reprodução, melhoria da gestão reprodutiva dos animais, visando à saúde e à produtividade do rebanho. “Realizamos a avaliação de índices zootécnicos e econômicos, acompanhamento para verificar resultados, impacto nas mudanças e identificar oportunidades de melhoria”, destaca.

“Parcerias como com a prefeitura, por intermédio do prefeito, além de laticínios e entre os próprios produtores, foram fundamentais para o sucesso do projeto. Foi criado um ambiente de cooperação mútua. O projeto não apenas aumentou a produção de leite de forma sustentável, mas também gerou um impacto positivo no desenvolvimento econômico da região”, resume Ricardo.

Tecnologia como aliada

Segundo ele, o uso da tecnologia no processo de ordenha também foi importante para os resultados positivos. “Adotar a ordenha mecânica aumentou a eficiência e reduziu o tempo de trabalho”, avalia.

Ricardo considera também a utilização de energia solar, como importante aliada dos produtores, porque proporciona economia de custos e sustentabilidade. “A modernização das práticas trouxe não apenas aumento da produção, mas também benefícios diretos para a qualidade de vida dos produtores, com a redução de custos e aumento de produtividade”, diz.

Fazenda Mercedinha

Por fim, Ricardo analisa que o projeto proporcionou transformações muito importantes para as propriedades e para a vida dos produtores de leite. “É um exemplo claro de integração de tecnologias e gestão eficiente para resultar em grandes ganhos, tanto para a produção quanto para o bem-estar dos produtores”, observa.

Para Antônio Carlos Junior, presidente da Câmara Setorial Leite e Derivados, o projeto Agronordeste transformou a realidade dos produtores de leite, com mudança significativa para o setor e a região. “Hoje já percebemos uma melhoria tanto em qualidade quanto em volume de leite produzido em São José do Divino”, avalia.

Já José Maria Carvalho, proprietário da Fazenda Capricho, comemora as melhorias e a produtividade que conquistou para a propriedade. “O Sebrae oferece assistência para nós. Melhorei a minha pastagem e o manejo sanitário, e isso tem nos ajudado muito”, explica.

Abdias Filho, proprietário da Fazenda Mercedinha, também comemora. “A gente começou meio aventurando, não tínhamos muita experiência, até que chegou o Sebrae para nos auxiliar. Chegou o veterinário, o Bruno [Leão], o Valdeci, que cuida da zootecnia do projeto. E foi aí que o negócio começou a funcionar, que a Fazenda Mercedinha começou a despontar”, relata.

Por fim, Abdias salientou que a intenção dos proprietários é serem referência na produção de leite na região. “Graças ao Sebrae e a Deus, a gente está tendo sucesso”, afirma.

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